sexta-feira, 27 de março de 2015

Revista Bang!

Esta é a minha primeira edição da revista, em formato papel. Já tenho lido em formato digital, através do site da Editora e tenho gostado bastante, mas ter em formato físico é sempre diferente. 

É uma edição cheia de bons artigos, curiosos, informativos, fantásticos. Gostei especialmente do artigo sobre A Espada de Shannara, de Terry Brooks, que espero ler. Também gostei muito dos textos sobre o mundo que nos é apresentado por Brandon Sanderson na trilogia Mistborn. Enfim...são só excelentes textos. 

Há também bons textos de autores nacionais, que mostram o potencial que existe. 

Ainda de referir a beleza gráfica da edição e das ilustrações, que nos deixam uma imagem de algumas das personagens, nomeadamente nos textos sobre as obras de Terry Brooks e Raymond E. Feist. 

É grátis, há na Fnac e agora online, no site da Editora. Podem descarregar aqui.


 Boa leitura! Já têm a vossa?

O Oceano no Fim do Caminho, de Neil Gaiman

Sempre que começo um livro de Neil Gaiman sei que vou entrar num mundo de magia, diferente de qualquer outro presente noutros livros. Gaiman consegue sempre levar-me para outra dimensão e mostrar-me algo diferente, em que tudo é possível e onde tudo existe, onde há espaço para todos os sonhos, todos os medos e todos os desejos. Esta obra não foi excepção.

Sinopse:

O Oceano no Fim do Caminho conta a história de um homem, cujo nome não se sabe, que, na sequência de um funeral na sua terra natal, acaba por ir parar ao local da sua infância, primeiro ao local onde havia morado em criança e depois ao final do caminho, à quinta das Hempstock, onde acaba por encontrar uma velha amiga. Para descansar e reflectir um bocado, o narrador senta-se no jardim da quinta, num banco com tinta lascada, a olhar para o lago artificial da quinta, o lago estranho que Lettie Hempstock, a sua amiga de infância dizia ser o oceano. E durante o tempo que esteve a olhar para o lago, todas as memórias de infância lhe vieram à mente, em especial os acontecimentos posteriores à sua festa de sétimo aniversário, à morte de um homem que morava na sua casa e de ir pela primeira vez à quinta das Hempstock, e de ter conhecido Lettie. 

No dia em que o homem morreu e ele conheceu Lettie, toda a sua existência mudou e viu-se rodeado de coisas estranhas, mágicas, assustadoras. Algo queria entrar no mundo, accionado pela morte do homem, e ele e Lettie tentaram travar esse mal, acabando por viver uma perigosa aventura, onde tudo é real e onde tudo é estranho e assustador. 

Opinião:

Não há muito mais que possa dizer sem entrar em detalhes e sem "estragar" a magia desta história, que é daquelas onde os spoilers não são bem vindos. A história é magnífica, tem um poder maravilhoso, em que as palavras evocam imagens de grande poder e realidade. Foi impossível não comprar esta história com uma outra do autor: Coraline e a Porta Secreta, que li algumas vezes na minha adolescência. Este livro pode ser considerado para adultos, mas a essência é a mesma, os temas são quase os mesmos, vistos aqui por um prisma muito mais negro e triste, porque o livro é para adultos e por isso pode haver mais lados negros e tristes durante a história. Os medos infantis, que acabam por ser os medos de toda a vida, voltam a ter lugar de destaque e a obra é uma boa reflexão sobre a infância e sobre as memórias que essa etapa nos deixa, memórias essas que podem ser distorcidas, desfocadas pelos anos, mas que são reais. É fácil o leitor pensar "será que o que aconteceu comigo foi alterado? será que moldaram os acontecimentos? será que é possível cortar pedaços do tempo e largá-los para o infinito, para o vazio? será que existem portais e espaços onde os mundos se cruzam? será que outros seres caminham ou poderiam caminhar neste mundo? será a realidade aquela que nós vemos ou será que não passa de uma camada que cobre outra coisa?" Tal não é poder que a história tem. 

Também não pude deixar de comparar esta história a uma outra, esta do ramo cinematográfico: O Labirinto do Fauno. Esta é outra história que poderia parecer para crianças, mas que não o é e em que a infância mostra ser uma etapa bastante negra e assustadora. 

Em todas estas histórias está presente um importante facto para que tudo aconteça: as personagens não duvidam, não põem em causa aquilo que vêem. Elas acreditam no que está à sua volta, no que é estranho, mágico e que parece "mentira". Mas não é e é mais verdade do que tudo o resto. Mais uma vez, volta-se à dicotomia adulto/criança, em que em criança tudo é possível, onde não há barreiras entre mundos, e em que em adulto já nada disso é possível, onde tudo é "normal". O narrador reflecte várias vezes sobre isso mesmo, de uma excelente forma e extremamente poderosa, podendo dizer-se que esta é uma história sobre a infância, sobre a magia que ela encerra e sobre as memórias que ficam dessa etapa que vai ficando para trás, mas que tanto marca. É uma história sobre a saudade da infância e sobre a capacidade de acreditar; sobre o que é real ou não...sobre todas as realidades e sobre o que não se conhece, ou já se conheceu e esqueceu. E o facto de poder haver um local onde seja possível encontrar essas memórias acaba por transmitir um reconforto muito grande.

Esta é uma obra bastante melancólica, onde não há barreiras entre o que parece real e o que não parece...é uma bonita história sobre amizade, sacrifício e sobre sonhos e mistérios. Fica sempre algo no ar e nada fica concluído, aliás, à medida que a história se vai aproximando do fim, os mistérios só se adensam, o que faz com que haja uma aura de infinito mistério à volta da história destas personagens, principalmente das Hempstock. É uma narrativa pequena, que mostra a grandeza imaginária do autor, que me tem agradado imenso desde a adolescência e que me transporta para o primeiro momento em que li um livro seu.

Recomendo vivamente e que leiam com uma mente aberta. É uma história estranha, um tanto assustadora, escura, misteriosa...como quase todas as suas histórias, que são tão boas, e é isso que a faz maravilhosa. Espero que gostem tanto como eu.

Citações:

- (...) Quanto aos adultos... - Parou de falar e esfregou o nariz pintalgado de sardas. - Vou dizer-te uma coisa importante. Os adultos também não parecem adultos, no interior. Por fora, são grandes e intrépidos e sabem sempre o que fazer. Por dentro, são como sempre foram. Como eram quando tinham a tua idade. A verdade é que não adultos. Não existe nem um, no mundo inteiro.  (...) p. 119

NOTA (0 a 10): 9

sexta-feira, 20 de março de 2015

O Cavalheiro Inglês, de Carla M. Soares

Este foi o primeiro livro que li da autora Carla M. Soares, em parceria com a Marcador, e foi com muita curiosidade que o comecei a ler, devido a todas as boas opiniões que tenho lido e também à sinopse, que é bastante interessante. É também o primeiro livro que leio da colecção Livros RTP.


Sinopse:

O livro conta a história de Sofia, uma nobre jovem em idade casadoira, filha de uma família de viscondes falida. Num período bastante conturbado da História Portuguesa (finais do séc. XIX, depois do Ultimato inglês e da crescente revolta republicana e anarquista) a narrativa centra-se em Sofia e no seu irmão, Sebastião, um jovem com ideais republicanos. Quando a jovem se vê na perspectiva de casar com um duque vindo do Brasil, rico e poderoso, mas também bêbado e violento, Sofia tem de fazer uma difícil escolha: casar para salvar a família da ruína ou seguir o seu coração? No entanto, há mais alguém que pode estar interessado nos negócios da família e na própria Sofia: o cavalheiro inglês. Assim, a jovem vê-se no centro de escolhas bastante difíceis. 

Opinião:

Gostei bastante desta história. O contexto histórico está muito excelente, mostrando as dificuldades sentidas pela população durante este período conturbado, a todos os níveis, desde a política até à economia, passando pela própria sociedade. A autora não se poupou a esforços para criar um ambiente rico, real e com descrições fantásticas, de excelente cariz histórico. Este é um dos séculos que mais me agradam e gostei de ler uma história bem contada, passada em Portugal, durante este período. 

É sempre bom poder juntar ao prazer de ler, o prazer de aprender e de conhecer e nada é melhor do que um bom romance histórico para que tal aconteça. Este foi mais um desses casos e gostei muito de o ler. Outro aspecto que me agradou foi a escrita da autora, bastante fluída e com alguns floreados da época, que, por vezes, me fizeram lembrar Os Maias, de Eça de Queirós. No entanto, devo confessar, que as partes referentes a aspectos mais quotidianos se mostraram um bocadinho menos fluídas, como por exemplo, os diálogos entre Sofia e as amigas. 

Também gostei bastante das personagens e da intriga que se estabelece ao longo da narrativa. Confesso que ao início não gostei muito de Sofia, mas, à medida que fui avançando, a personagem também avançou, e apresentou um bom desenvolvimento, presenteando-me com um final muito bonito! Também gostei de Robert e de Sebastião, talvez as duas personagens que mais me agradaram. Gostei bastante da parte política da narrativa e também da intriga à volta do que aconteceu ao duque.

O parte romântica está muito bonita e pouco convencional, o que é bastante agradável. Gostei muito da forma como a relação de Sofia e Robert foi progredindo e do que se passou à sua volta. Também aquele ar de mistério que começa a estabelecer-se à volta das personagens foi bastante bem vindo. 

Mais um excelente livro editado pela Marcador, que me deu imenso gosto de ler. Como referi no início, este foi o primeiro livro da autora e espero ler mais, pois fiquei bastante satisfeita com a história! Recomendo com muito gosto! Tenho também a agradecer à Marcador por me ter permitido a leitura desta excelente história, um Romance Histórico com letra maiúscula! Muito bom. Os meus parabéns à autora, por presentar os leitores com esta obra muito boa! Um excelente retrato da sociedade da época, com um desenlace fantástico! 

Quero ainda referir a belíssima capa. Muito bela!

NOTA (0 a 10): 9

domingo, 15 de março de 2015

Golias, de Scott Westerfeld

Para este volume da trilogia Leviatã estava completamente curiosa e um pouco ansiosa para saber como iria acontecer...como é que seria a cena do reconhecimento do sexo de Mr. Sharp, o ilustre aspirante da aeronave Leviatã. Como iria o príncipe Alek saber que Dylan era, afinal, Deryn?! Era a grande pergunta e só posso dizer que foi muito interessante (para além de toda a trama relacionada com a guerra)!

Sinopse:

Neste terceiro livro, a tripulação do Leviatã e os seus ilustres convidados austríacos (Alek e os seus companheiros) estão em movimento para chegar a Tóquio, para uma missão dada pelo Almirantado. No entanto, a chegada de uma águia imperial, de duas cabeças, vinda do czar, altera a viagem da aeronave, levando-a para novos rumos: Sibéria. Chegados lá, encontram Nikola Tesla, com uma ideia fantástica sobre a sua nova máquina: Golias, que ele diz ter a capacidade de destruir cidades, podendo assim por um ponto final na guerra. Com muitas aventuras pela frente, Alek e Deryn têm muito que fazer, mas há algo para descobrir e o segredo de Deryn está por um fio. Será que a amizade de ambos se consegue manter? Ou será que tudo vai mudar para eles? E, principalmente, para Deryn? E será que a guerra terá um final?  

Opinião:

Foi com grande alegria que li este volume. Foi, de todos, o melhor, mostrando a plena mestria do autor. Scott conseguiu criar uma História alternativa completamente contextualizada, real e bem ancorada na realidade. Como ele refere no pequeno posfácio, muito do que aparece e acontece no livro acaba por ser verdade, ou verdade sob algum ponto de vista. Muitas das personagens são reais e muitos dos acontecimentos também. A maior alteração que o autor fez foi alterar os factos para que o decurso da guerra fosse outro. Ou seja, ele só manipulou os factos para lhes dar outro final. E fê-lo extremamente bem. Confesso que no final fiquei bastante emocionada com os acontecimentos. Se tivesse tudo acontecido assim na vida real, muito teria sido diferente depois da Primeira Grande Guerra, que podia não ter sido tão devastadora. A Segunda podia nunca ter acontecido, bem como todas as atrocidades que dela vieram...e o mundo poderia ter sido diferente.

Gostei muito da forma como a narrativa de desenrolou e de como os acontecimentos progrediram. Alek e Deryn acabaram por se tornar, facilmente, num dos meus pares literários favoritos. Gostei muito de Deryn, Mr. Delyn Sharp, o famoso aspirante condecorado que era uma rapariga escocesa cheia de garra e força, cujo maior sonho era voar na Força Aérea Inglesa. E gostei muito do Príncipe Aleksander Von Hohenberg, ou Alek, para os amigos, que sempre mostrou uma grande coragem e bravura e que sempre se mostrou fiel para com os seus aliados e amigos. Acreditando que o seu destino era fazer com que a guerra terminasse a todo o custo, Alek lutou até ao fim por esse ideal, acabando por ser consumido pela dúvida quanto a outros aspectos. Também gostei da Dra. Barlow, a neta de Charles Darwin, que sempre se mostrou uma grande senhora, em todos os momentos. Enfim, gostei de todas as personagens, que tão bem estão caracterizadas e firmemente bem desenvolvidas. 

Também foi com grande agrado que viajei com a aeronave por todos os locais por onde ela passou: Rússia, Sibéria, Tóquio, o Pacífico (grandes momentos!!!), Estados Unidos, México e de novo os Estados Unidos. Foi  uma viagem maravilhosa, cheia de detalhes e momentos de grande emoção e acção, que ficam na memória. A escrita é tão magistral que é possível imaginar tudo o que está escrito. Por outro lado, as fabulosas ilustrações de Keith Thompson também ajudam, uma vez que vão ao encontro dos detalhes escritos complemente. Todas as ilustrações são maravilhosas, mas a última é de tirar o fôlego! 

Neste volume existem mais momentos de tensão do que nos anteriores. Apesar de considerar o segundo como aquele que mais acção apresenta, e mais aventuras, este acaba por se tornar mais adulto e mais introspectivo, onde as personagens têm de tomar decisões bastante difíceis e onde os acontecimentos se tornam mais negros e melancólicos. Também tem momentos alegres, especialmente sempre que aparece o lóris  perspícuo  Bovril, mas prevalecem os momentos de grande tensão, com intriga, grandes batalhas e muitos perigos.

O desenvolvimento da relação de Deryn e Alek também contribuiu para isso, uma vez que existe um grande foco nesse aspecto do enredo, que era muito necessário e decisivo. Tinha de ser neste volume que se descobria que Dylan era uma rapariga e o autor conseguiu criar momentos de grande emoção em redor desse facto, levando-me sempre a ficar mais ansiosa e curiosa com as reacções das personagens. E não podia ter havido melhor forma de o fazer...de revelar o mistério. Mais uma vez, o autor foi fantástico.


A trilogia é considerada juvenil e por isso, por mais perigos e acontecimentos negros que aconteçam, nunca é demasiado brutal ou chocante, como outras histórias fantásticas e steampunk. Se o autor tivesse criado esta história, igual, mas para um público adulto, acredito que muito do que fica subentendido não teria ficado e que as descrições seriam ainda mais poderosas. Mas Keith traz algum desse conceito para as suas ilustrações, e muito bem. Este aspecto não é uma crítica negativa, de modo algum, é apenas algo que senti quando estava a ler, não apenas este volume, como também nos outros dois.

No entanto, qualquer adulto pode, e deve, ler esta trilogia, que é, para mim, uma das melhores histórias steampunk que li até agora. Todo o conceito e contexto da obra é fantástico e está muitíssimo bem explorado. As duas grandes potencias (Darwinistas e Clankers) e as suas diferenças estão muito bem elaboradas e estão tão perfeitas que parecem reais. Dei por mim a imaginar, durante vários momentos ao longo da leitura da obra, que o mundo podia muito bem ser assim...que o mundo real podia ser aquele e não este em que nós estamos. E isso é tudo o que se pode pedir de uma história fantástica. Penso que não há melhor elogio, por muitos que se façam, do que pensar que se está, de facto, na realidade apresentada pelo autor.

Vou recordar com imenso carinho todas as personagens e toda a história e gostava muito que o autor decidi-se escrever mais sobre esta fantástica dupla. Fiquei muito feliz com o final da trilogia e só queria que houvesse mais! Descobri na net um capítulo posterior, que o autor escreveu, e que Keith Thompson ilustrou. Podem encontrar aqui. Já o li e só posso dizer que está excelente! Repleto de humor e com um final bastante sugestivo, acompanhado por uma ilustração também sugestiva!

Em suma, recomendo totalmente, sem reservas, a todos os que gostam de histórias bem contadas, de personagens inesquecíveis, de emoções fortes e de História.


Citações:

Alek abanou a cabeça, mas as suas pálpebras estavam pesadas. Ele sentiu o corpo a parar de tremar, a ceder na sua luta contra o frio. Os seus pensamentos começaram a desvanecer-se sob o rugido do mundo que o cercava.
- Mantenha-se acordado! - exclamou Deryn - Fale comigo!
- Prometa que nunca mais me mente.
(...)
- Está bem. Não voltarei a esconder-lhe nada enquanto viver.
Alek sorriu (...)
p.188

 Ilustração presente no livro (Keith Thompson)


Podem encontrar as opiniões dos livros anteriores em:

Leviatã
Besta

NOTA (0 a 10): 10

sábado, 14 de março de 2015

A Canção dos Maoris, de Sarah Lark - Divulgação Marcador

A continuação do primeiro livro sobre as duas amigas que partiram para as suas novas vidas na Nova Zelândia estará à venda brevemente e promete ser ainda melhor! Neste segundo livro, o enredo segue as pegadas dos filhos de Gwyn e Helen. Teremos mais aventuras pela frente, bem como uma história maravilhosa e recheada de muitas emoções. Foi a minha melhor leitura do ano passado e recomendo totalmente.


 

ELAINE E KURA MOVEM-SE ENTRE AS SUAS RAÍZES BRITÂNICAS E O APELO AO POVO MAORI, FORJANDO O PRÓPRIO DESTINO ULTRAPASSANDO AS CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA NUMA TERRA PARADISÍACA.

Esta é a história de duas primas completamente diferentes, mas com uma coisa em comum: a sua força interior.
Kura com ascendência maori tem uma atitude diferente perante a vida e perante os homens, é muito mais despreocupada. O campo não lhe desperta qualquer interesse, apesar de ser herdeira da quinta do seu pai. O seu grande desejo é tornar-se uma grande cantora. Enquanto Elaine, herdou da sua avó, o carácter e o gosto pela criação de ovelhas e por passear a cavalo. Mas as suas escolhas amorosas recam sempre em homens errados, o que faz dela uma mulher desencantada.

A relação entre as duas mulheres não é a melhor porque Elaine inveja a beleza e a arte de sedução de Kura. Mas a vida dá muitas voltas e acabam por partilhar uma vida de luta e conquista numa pequena cidade mineira isolada do mundo. (segundo Editora)

Notas editoriais: 

Autor: Sarah Lark
Editora: Marcador
Nº de páginas: 648 pp.
PVP: 21,95 euros

Podem encontrar a minha opinião sobre o livro aqui. Podem também encontrar outra opinião aqui, no blogue do Fiacha. 

quarta-feira, 11 de março de 2015

Edward Scissorhands vol.1 - Parts Unknown, de Kate Leth

Este livro aborda uma possível continuação da história original de Tim Burton: Eduardo Mãos de Tesoura.

Com desenhos bastante belos e característicos, em estilo Tim Burton, Kate Leth e Drew Rausch levam-nos a conhecer um novo capítulo da vida de Eduardo e o que poderia ter acontecido depois do final do filme. 


Sinopse:

Neste livro, de banda desenhada, Eduardo descobre um prototipo seu, um pouco mais rústico e decide ajudá-lo a ganhar vida. No entanto, cedo descobre que este seu amigo não tem nada a ver com ele, revelando-se perigoso. Paralelamente, a neta de Kim, Megan, decide visitar o castelo e conhecer o tão famoso amigo da sua avó. Assim, estes acontecimentos acabam por se unir e criar novamente uma situação embaraçosa e até perigosa na pacata cidade. 



Opinião:

Gostei bastante. Sendo grande admiradora deste filme, não podia deixar de aproveitar a oportunidade de ler este livro, principalmente através do NetGalley. As ilustrações, de Drew Rausch, são fantásticas, muito bem contextualizadas e ao encontro do universo fantástico de Burton. A história também está interessante. Volta a abordar o medo que a sociedade tem do que é estranho e diferente, tema bastante presente no filme. 


E volta também a abordar a capacidade que também existe em acreditar que o que é diferente não significa ser mau. Com uma história fantástica, consegue abordar um tema bastante delicado e importante.

Também gostei muito da forma como foi explicado o sentimento de Eli, o amigo de Eduardo. Acaba por ser melancolicamente bonita. É uma história simples, bela e com um desenvolvimento bem pensado. Gostei muito e espero acompanhar as outras histórias!


NOTA (0 a 10): 8

sexta-feira, 6 de março de 2015

O Indesejado, de Sarah Waters

Este é um livro diferente, com uma história diferente daquelas que costumo ler. É bom variar o género literário, para explorar novas paisagens e horizontes. Há bastante tempo que andava com este livro debaixo de olho, por isso, só tenho a agradecer à Editorial Bizâncio, que me proporcionou estes momentos.


Sinopse:

O Indesejado conta a história de Faraday, um médico rural de Warwickshire, no pós-guerra. Faraday começa a narrativa indo atrás no tempo, para a contextualizar. Filho de pessoas não muito ricas, Faraday sempre sentiu um enorme espanto e encanto pela mansão dos Ayres: Hundreds Hall, onde a sua mãe trabalhava. Certo dia de 1919, numa festa para entrega de medalhas a jovens escuteiros, na mansão, Faraday, com dez anos, vai até ao interior da casa e, maravilhado com os retoques do tecto, decide cortar uma das bolotas de pedra do rebordo. Mais tarde, acaba por ficar sem a bolota, mas o seu fascínio por Hundreds continua. Faraday acaba por ser chamado para uma urgência, na casa, alguns anos depois do final da Segunda Guerra. Depois desse dia, o seu convívio com a família começa a crescer, à medida que a casa continua a decair e a ficar cada vez mais decrepita. Roderick, Caroline e Mrs. Ayres também começam a ver em Faraday um amigo e este passa a ser um visitante assíduo de Hundreds.

Enquanto a amizade avança, muitas coisas começam a acontecer na casa, deixando antever algo de sobrenatural, apesar de Faraday afastar sempre essa hipótese, chegando a temer pela sanidade mental dos seus novos amigos.

Com uma casa arruinada, cheia de dívidas e assuntos misteriosos, a família Ayres, há séculos a viver no local, começa a por em causa a permanência na casa, à medida que se embrenha nos acontecimentos.


Opinião:

Faraday é um excelente narrador. Muito sincero, sempre a justificar as suas acções e a tentar ajudar os Ayres, acaba ser uma personagem bastante enigmática, à medida que a história avança. Cheguei muitas vezes a exasperar-me com Faraday, por causa da sua visão dos factos. Porém, com o final do livro, essa sensação acabou por tornar-se num entendimento sobre muita coisa relacionada com a história e os seus mistérios, apesar de não ficar nada concluído.

As outras personagens também são bastante interessantes. Todos os membros dos Ayres são bastante complexos. Toda a história que os envolve o é. Depois de uma história e riqueza e esplendor, duas guerras e as mudanças sociais relacionadas, Hundreds parece não ter força para resistir, apesar da relação que parece haver quanto à visita de Faraday pela primeira vez e o corte da bolota. Mas isto é apenas uma ideia.

Depois existem os criados da família, que são apenas dois: Betty, uma adolescente, e Mrs. Bazeley. Betty é a primeira a sentir e a contar a Faraday as estranhas presenças na casa. Mais tarde, Roderick também refere essas presenças, relatando a Faraday várias experiências. E depois Mrs. Ayres. Caroline parece ficar de parte, mas acaba por dedicar-se à pesquisa sobre o tema, descobrindo algumas teorias sobre o distanciamento do inconsciente de alguém perturbado ou com impulsos extremamente fortes em relação a algum desejo, que acaba por criar algo de sobrenatural que passa a agir na sombra (uma espécie de Mr. Hyde espectral ou psíquico).

Não é possível contar muito mais sobre o enredo, pois este é o género de livros que não faz sentido contar spoilers, para não estragar os suspense! Por isso, vou debruçar-me sobre alguns pontos que me agradaram.

A autora conseguiu criar um ambiente bastante gótico e, por vezes, assustador. Apesar do tom calmo e linear com que os acontecimentos são narrados, essa calma acaba por ser estilhaçada com grande estrondo com um crescente de terror que, apesar de ser suave e um tanto poético, se torna deveras assombroso. A narrativa é feita de diminuendos e crescendos, como que uma melodia. Todas as descrições, bastante vividas, contribuem para este ambiente, e estão bastante perfeitas.

É uma narrativa cujo ambiente não se altera muito. Tudo acontece à volta de Hundreds e o dia-a-dia das personagens também não se altera muito. E é isso que também faz com que o suspense e as cenas misteriosas só se tornem mais "grotescas".

Gostei muito da forma como a autora abordou os diferentes temas e como os relacionou. Todas as descrições e acontecimentos médicos estão muito bem retratados e descritos, mostrando bons conhecimentos da autora e uma boa contextualização. Depois, também nas partes relacionadas com o sobrenatural, existe esse cuidado.

As relações entre as personagens e os seus passadas também estão muito bem. O final é perfeito, para a história em si. Aquele último parágrafo diz muito sobre toda a história, mesmo que nada fique concluído. O próprio narrador refere isso...a inconclusão de toda a trama e de todo o mistério só serve para adensar o mistério em si. Mas há muito para compreender nas entrelinhas e a leitura torna-se imensamente rica quando todos os pormenores são tidos em conta. Apesar da conclusão que eu tirei poder estar errada, penso que não. Há sempre a hipótese de haver várias explicações, mas a que me sugeriu o desenlace foi a melhor para englobar todos os intervenientes e pormenores.

Existe em toda a obra uma beleza poética e misteriosa, que só encontrei em O Monte dos Vendavais, de Emily Brontë: uma beleza extremamente romântica e um tanto bucólica e, por vezes, decadente.

É, sem dúvida, uma das leituras mais interessantes que já fiz. Recomendo a todos os que gostam de uma boa história de amor e mistério, em que o passado se cruza com o presente e com o futuro. É uma boa história e deve ser lida com uma mente aberta, sem ideias pré-feitas. Um livro muito bom! Vou querer ler mais obras desta escritora!

NOTA (0 a 10): 10

quarta-feira, 4 de março de 2015

Novidades Saída de Emergência

Há novidades na Edições Saída de Emergência...! Curiosos? Pois vejam:

O Fundador, de Aydano Roriz (à venda a partir de 8 de Abril)



Sinopse

A história fascinante e verídica de Tomé de Sousa, o primeiro governador português do Brasil


O ano é o de 1549, o Brasil acaba de ser descoberto e os portugueses ainda não conhecem todas as riquezas dessa terra. É então que o rei D. João III as decide ocupar de forma mais efetiva e envia para lá Dom Tomé de Sousa.
Com base num sólido trabalho de pesquisa, Aydano Roriz conta-nos as aventuras desse fidalgo português ao construir a cidade de Salvador: os acordos políticos com os nativos, o casamento com uma bela índia, a paixão por uma princesa escrava africana e as enormes saudades de Portugal.
O resultado é um romance envolvente e apimentado, onde não faltam sexo, religião, intrigas e, claro, o choque cultural dos colonizadores e dos indígenas. Tudo no mais deslumbrante dos cenários: o Brasil do tempo das descobertas, com as suas praias virgens, vegetação exótica e atmosfera épica.
Uma obra de leitura obrigatória para quem gosta da História de Portugal e de um bom e movimentado romance.
(conforme site)

O Homem do Castelo Alto, de Philip K. Dick (também à venda a partir de 8 de Abril)

Sinopse
Um dos maiores clássicos da história.

Estamos em 1962. A Segunda Guerra Mundial terminou há dezassete anos e a população já teve tempo de se adaptar à nova ordem mundial. Mas não tem sido fácil: o Mediterrâneo foi drenado, a população de África foi eliminada e os Estados Unidos da América divididos entre nazis e japoneses.
Na zona neutra que divide as duas superpotências vive o homem do castelo alto, autor de um bestseller de culto, uma obra de ficção que oferece uma teoria alternativa da história mundial em que o Eixo perdeu a guerra. O romance é um grito de revolta para todos aqueles que sonham derrubar os invasores. Mas poderá ser mais do que isso?
Subtil e complexo,
O Homem do Castelo Alto permanece como o melhor romance de história alternativa jamais escrito. (conforme site)

Ambas são reedições, mas valem bem a pena. Ainda não tive a oportunidade de ler nenhum destes livros, mas parecem-me fantásticos. Um, pela curiosidade histórica sobre Portugal e pelo contexto...outro pela história que promete ser diferente e alternativa. Tenho lido excelentes comentários sobre este livro, o de Philip K. Dick.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Parceria com a Edições Saída de Emergência

Venho informar os leitores e seguidores do Imaginário que estabeleci nova parceria, com uma editora que tantas histórias me deu a conhecer e de que eu sou grande seguidora, há já alguns anos: a Edições Saída de Emergência.



Muito obrigado a todos os que têm acompanhado o Imaginários dos Livros e que o têm ajudado a crescer! Conto com o vosso apoio!

Obrigada Edições Saída de Emergência!