domingo, 15 de novembro de 2015

Rainha Vermelha, de Victoria Aveyard

A curiosidade era grande para a leitura deste livro, que assim que começou a ser publicado gerou logo uma onda de fãs e de excelentes criticas pela Internet fora. Ora, não podia deixar de o ler e tenho a dizer que foi uma leitura excelente!



Sinopse:

A sua morte está sempre ao virar da esquina, mas neste perigoso jogo, a única certeza é a traição num palácio cheio de intrigas. Será que o poder de Mare a salva... ou condena?

O mundo de Mare, uma rapariga de dezassete anos, divide-se pelo sangue: os plebeus de sangue vermelho e a elite de sangue prateado, dotados de capacidades sobrenaturais. Mare faz parte da plebe, os Vermelhos, sobrevivendo como ladra numa aldeia pobre, até que o destino a atraiçoa na própria corte Prateada. Perante o rei, os príncipes e nobres, Mare descobre que tem um poder impensável, somente acessível aos Prateados.
 
Para não avivar os ânimos e desencadear revoltas, o rei força-a a desempenhar o papel de uma princesa Prateada perdida pelo destino, prometendo-a como noiva a um dos seus filhos. À medida que Mare vai mergulhando no mundo inacessível dos Prateados, arrisca tudo e usa a sua nova posição para auxiliar a Guarda Escarlate – uma rebelião dos Vermelhos – mesmo que o seu coração dite um rumo diferente. (in Edições Saída de Emergência)

Opinião:
Aqui está um livro que me encheu as medidas. Há algum tempo que não lia nenhuma obra do género que me agradasse tanto. Ao início comecei a ficar um bocado desconfiada porque me parecia um bocadinho com os Jogos da Fome. Não que tenha algum problema com a trilogia! Gosto bastante. Mas fiquei com receio que fosse parecido, na medida que Mare fosse uma espécie de Katniss dos Vermelhos. Não deixa de ser um símbolo de revolta, mas de uma forma bastante diferente e mais complexa. Então a partir do momento em que ela foi para o palácio, fiquei encantada com a intriga e com a premissa de uma história forte, repleta de emoções fortes e de personagens complexas. 

Quanto às personagens, gostei de Mare, a personagem principal, apesar de não ter ficado encantada. É mais uma personagem feminina do género, um género de Katniss. Gostei imenso (a minha personagem favorita, de longe) de Maven (e sim, estava mesmo à espera!). Não posso dizer que tenha ficado de queixo caído por Cal, nem por várias outras personagens, mas o que gostei de Maven dá para as outras personagens. Confesso que não pude deixar de comparar este dois, Maven e Cal, a Loki e Thor, respetivamente, o que me agradou.

Achei bastante interessante este mundo criado pela autora. Num cenário pós-apocalíptico, Prateados (um género de deuses com super poderes relacionados com a manipulação dos diferentes materiais e elementos existentes (água, ar, fogo, metal, pensamento...)) governam o mundo, enquanto os Vermelhos trabalham e defendem os Prateados nas suas guerras infindáveis entre reinos. Os Prateados têm sangue prateado e os Vermelhos têm sangue vermelho.

Gostei da intriga e de seguir os passos da autora. Gosto de ser surpreendida ao longo da leitura em relação às ações e motivos das personagens e, apesar de ter desconfiado do enredo logo de início, ainda duvidei a dado momento de algumas personagens. Não quero entrar em detalhes para não contar nada de relevante, mas desta vez gostei de ter antecipado os motivos por trás de tudo aquilo que acontece quando Mare vai para a corte.

Em relação às descrições, achei-as relevantes, apesar de poucas. Não há muita explicação do contexto da história, a meu ver, e isso é uma falha a apontar. Talvez o facto da narrativa estar na primeira pessoa (Mare é a narradora) e dela se focar mais nos seus pensamentos e ações do que no que a rodeia seja a explicação para esse aspeto, mas já li outros livros com narradores presentes e o mundo é perfeitamente contextualizado.

Também não posso deixar de mencionar as semelhanças deste mundo criado pela autora com vários outros mundos: X-Men (cada vez que aparecia um megratron, Prateado que manipula metal, não pude deixar de imaginar Magneto), Luz e Sombra (de Leigh Bardugo, em relação a Mare), entre outros. Isso não fez com que gostasse menos do livro, antes pelo contrário. Tal serviu para que a história fosse uma espécie de conjunto de várias histórias interessantes e boas que por aí andam. Se isto é o ideal e o mais original que há em termos de escrita, não posso dizer que é a originalidade total, mas serve muito bem. Dentro do género (Fantasia Distopia, por aí) está excelente, provavelmente um dos melhores do género que li até agora.

Em suma, uma excelente leitura! Vou querer acompanhar estas aventuras, porque fiquei fã de Maven e fiquei muito curiosa para saber o que acontece depois daquele maravilhoso final. Um bom final, cheio de ação e emoção. Recomendo sem reservas.

NOTA (0 a 10): 9

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A Criança nº 44, de Tom Rob Smith

Fiquei bastante curiosa com este thriller depois de ter visto o trailer do filme, por causa de ser passado na Rússia pós Segunda Guerra. Não sabia o enredo e não tinha nem expectativas altas nem baixas, o que por vezes é bom pois não há muita margem para a desilusão. E, no final, tenho a dizer que foi uma leitura diferente. 



Sinopse:

A União Soviética de Estaline é um paraíso, onde os cidadãos vivem livres do crime e apenas temem uma coisa: o todo-poderoso Estado. Defendendo este sistema, o oficial de segurança Leo Demidov é um herói de guerra que acredita no punho de ferro da Lei.

Mas quando um assassino começa a matar indiscriminadamente e Leo se atreve a investigar, este obediente servidor do Estado dá por si despromovido e exilado. Agora, apenas com a sua mulher ao seu lado, Leo tem de se debater para descobrir verdades chocantes a respeito de um assassino - e de um país onde o crime supostamente não existe.

A Criança Nº 44 é o livro que inspirou o filme. Revela a verdade. Descobre o assassino.
(in Goodreads)

Opinião: 

Achei este livro bastante diferente daqueles que estou acostumada a ler. Por vezes é bom ler outros géneros literários, para diversificar a leitura, o que foi o caso. Gostei da história, em especial da parte critica à sociedade russa da época e a toda a máquina de Segurança do Estado, apesar de ter achado o enredo um bocado "pesado" em alguns momentos, devido aos crimes que vão acontecendo. De facto, estava à espera de uma história que não fosse tão densa em relação a esse ponto. As descrições são bastante fortes e horríveis e isso fez com que muitas vezes tivesse vontade de virar a cara em quanto estava a ler. 

O enredo é denso, forte, bem elaborado, não há pontas soltas, existem momentos de grande ação e tensão também. No entanto, a meio da história existe um caminho que começa logo a ser traçado e, a meu ver, neste género isso é bom que aconteça o mais tarde possível, para criar suspense. Confesso que não foi surpresa nenhuma o que aconteceu a partir de um dado momento da história. Por tanto, o ponto mais forte desta história é a grande crítica à sociedade da União Soviética após Segunda Guerra. O clima de medo, de opressão, de denúncia...tudo está extremamente bem explorado e descrito. É como se o leitor estivesse presente naquele contexto real, o que é fascinante. O autor esmerou-se para tal e conseguiu-o, de facto. 

O contexto histórico está perfeito. Sente-se em todos os momentos a extrema opressão da sociedade, o medo total de tudo e de todos.  É um bom estudo sobre aquele regime. Também as descrições estão fortes, como referi acima. Tanto as descrições de locais e ambientes, como as das ações das personagens.

Em relação às personagens, posso dizer que gostei bastante de Leo e de Raisa, principalmente de Leo. Ele é bastante complexo, herói de guerra e servidor do Estado enquanto membro da Segurança do Estado. Tem vários dilemas ao longo da história e tem bastante personalidade. Raisa também é interessa (a esposa de Leo), mas não tanto quanto ele. Em relação às outras personagens, são bastante complexas, todas elas. Odiei o Vasili, o que seria de esperar por causa do seu comportamento perante o colega e superior (Leo).

Foi uma boa leitura, não posso dizer que agradável, porque os crimes nada têm de agradável...são até bastante repugnantes. Tirando isso, 

Espero ver o filme, para poder fazer um paralelismo entre ambas as obras. 

Resumindo, uma excelente aposta da Marcador, à qual agradeço imenso a oportunidade de ter lido o livro. Este é o primeiro livro do autor com Leo Demidov como personagem principal e eu gostava muito de poder ler os próximos. Era bom que a Marcador continuasse a editar este autor por cá! 

NOTA (0 a 10): 8