sábado, 16 de abril de 2016

O Décimo Terceiro Conto, de Diane Setterfield

Sinopse: 

O Décimo Terceiro Conto narra o encontro de duas mulheres: Margaret, jovem, filha de um alfarrabista, biógrafa amadora, e Vida Winter, escritora famosa, que, sentindo aproximar-se o final dos seus dias, convida a primeira para escrever a sua biografia.

Na sua casa de campo, a escritora decide contar a verdadeira história da sua vida, revelando um passado misterioso e cheio de segredos. As duas vão partilhar vivências profundas, resgatando velhas memórias e confrontando-se com fantasmas há muito adormecidos.

Sem que pudessem inicialmente prever, acabam por entrelaçar as suas vidas de forma tão intensa, que o resultado não poderia ser outro que não uma inesquecível história de amor, amizade e solidão. (in Goodreads)



Opinião:

Tive a oportunidade de ler este livro com o apoio da Marcador e só tenho a agradecer, tanto a oportunidade de o ler como a sua edição. Aqui está uma obra maravilhosa. 

Quando peguei no livro e li o verso, encontrei uma citação que o compara a um dos meus livros favoritos: A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafon. Nada podia criar em mim uma maior curiosidade e expectativa. No entanto, penso que é muito improvável haver algum livro que seja parecido com A Sombra do Vento, porque é demasiado especial e único para haver algo parecido. Assim, não achei que se possa comparar totalmente com este livro, mas sim com As Horas Distantes, de Kate Morton, que tive o prazer de ler alguns meses atrás. 

Pois bem, gostei muito desta história. Esta é uma história sobre histórias, um livro sobre livros. É mais do que um livro. É uma obra de arte. A forma como as personagens aparecem, a forma como o enredo se intersecta e se fecha sobre si próprio como uma flor, a forma como é narrado, tudo é magistral. É mais do que uma história de mistério, romance ou drama. É mais do que tudo isso. É uma história sobre uma história de alguém que só por si é uma história. Sei que estou a repetir a palavra, mas é propositado. 

As personagens são muito boas. A narradora, Margaret Lea, amante de livros, principalmente de biografias, faz um trabalho de se lhe deitar o chapéu ao ir trabalhar para a celebre escritora Vida Winter, de quem nada se sabe. Miss Winter conta a história a Margaret com a premissa de não mentir, que foi o que fez sempre a outros biógrafos e jornalistas, mas nem tudo é o que parece. Margaret, com a sua própria história, tem o trabalho de dar vida à história verdadeira da escritora e tem um belo mistério pela frente. Depois, Vida Winter. Doente, idosa, sente a necessidade de contar a sua história e de consertar algumas coisas do seu passado e para isso contrata Margaret. Miss Winter é uma personagem soberba. As suas palavras, a sua forma de contar histórias, tudo é de mestre. Manhosa e esperta, ela pode muito bem não ser o que parece, ou sê-lo de verdade. 

Mas, a nível de personagens, o que me prendeu mesmo foi o passado. O que Miss Winter vai contando. Ela em jovem, a sua gémea. O passado das personagens é o ponto forte da história, é nele que tudo acontece, é onde está o mistério que há para desvendar. 

Uma família antiga, uma casa antiga, muitos segredos, alguns da pior espécie. Auge e declínio, a casa a desfazer-se, as personagens a transformarem-se. O nascimento das gémeas, assombrado pela dúvida e pela loucura da família. Isabelle e Charlie, irmãos com histórias estranhas e gostos bastante sádicos. As gémeas: Adeline e Emmeline. Iguais. Estranhas. Uma violenta e maldosa, outra um tanto parada e bondosa. O oposto uma da outra. Nenhum equilíbrio. A solidão. A sujidade. Isabelle levada. Charlie fechado. As gémeas sozinhas. Uma governanta para cuidar da casa, da educação das raparigas e dos únicos dois empregados. Acontecimentos estranhos. Uma gémea parece ser algo mais do que demonstra ser. Mistérios atrás de mistérios. E a casa sempre como pano de fundo, mais as gémeas. 

É uma história que não pode ser categorizada de bela, mas também não é feia. É um tanto doentia, pungente, forte, arrebatadora, grandiosa. Evoca o que melhor há na Humanidade, mas principalmente, evoca o que há de menos bom, o que é escondido, o que mete medo, o que repugna e faz virar a cara. É uma história de loucura, maldade, solidão...porém é sobre redenção e algo mais. Há beleza ali, escondida, uma beleza subtil e encantadora. 

Posso comparar esta história ao filme A Colina Vermelha, de Guillermo del Toro. É uma história em parte de terror, em parte romance, em parte mistério. Não é uma história simples, que se vá lendo, que divirta ou entretenha. É uma história profunda, que é para ser devorada e que se entranha no leitor. É uma história que fica no nosso âmago e que não nos larga. Isso define bem o que é uma história grandiosa, uma obra prima. Aqui está uma obra prima literária. 

Tudo é conduzido com mestria, com arte. O enredo é fantástico, a história de Miss Winter é um mistério bem escondido, bem conduzido até ser descoberto. Não havia nada a acrescentar, nada a tirar. A história é perfeita, o livro é perfeito. Tudo bate certo no seu contexto. Não há pontas soltas. 

Também o ambiente, as descrições...estão soberbos. É como se lá estivesse, se visse a casa, os acontecimentos. A narrativa está tão real que é muito fácil para o leitor encontrar-se no ambiente, no contexto que está ler. 

Podia escrever muito mais coisas sobre este livro, mas não quero contar nada sobre a história, pois iria tirar o brilho ao livro e ele merece todo o brilho. Assim, só posso recomendar a todos os que gostam de uma boa história. Leiam e experimentem. É maravilhoso. Para saberem mais sobre a autora, podem ir aqui

NOTA (0 a 10): 10

4 comentários:

  1. Olá!
    Li este livro o ano passado, em outubro, e também saí da leitura extasiada e com vontade de ler mais livros da autora. É realmente uma narrativa fascinante, com apontamentos negros, de mistério, de suspense e tudo isto bem aconchegadinho pelo amor aos livros! Maravilhoso.
    Deixo-te aqui a minha opinião: http://osabordosmeuslivros.blogspot.pt/2015/10/o-decimo-terceiro-conto-de-diane.html
    Beijinhos e boas leituras!
    Ana Lopes

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    1. Olá!

      É mesmo um livro mágico e diferente. Fiquei apaixonada. Há um outro da Marcador, que também deve ser muito bom.

      É raro encontrar um livro tão especial. Este é maravilhoso.

      Vou ler e comentar, obrigada =)

      Bjs e boas leituras

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  2. Olá!
    Já li este livro em 2010 e adorei!
    Excelente opinião.
    Beijinhos

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    Respostas
    1. Olá!

      É mesmo fantástico =)
      Obrigada!

      Bjs e boas leituras

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